O que não aprendemos na Faculdade

Gestão Jurídica

Saímos da faculdade conhecedores do direito material e processual (ou ao menos deveríamos), contudo há uma grande lacuna de ensino nas faculdades a respeito da gestão jurídica.

Há tempos atrás, coloque muito tempo atrás nisso, pois já estou formada a 24 anos, eu tinha um professor que nos dizia que o luta dos cinco anos da faculdade, jamais se compararia ao sexto ano.

No mercado de trabalho, quando chega o momento de colocar em prática tudo o que aprendemos nos cinco anos anteriores, percebemos que o direito vai além do próprio direito.

Começamos a entender que temos que ter uma visão estratégica e sistêmica sobre no nosso negócio. (Vimos isso na faculdade?).

Portanto, se você optou em ter seu próprio escritório, seu primeiro entendimento deve ser que agora além de advogado, você é um empresário e para tanto a partir desse momento você lidará com duas pessoas distintas, você CPF e você CNPJ.

Optando-se, opte em trabalhar para algum escritório já constituído, deve ter em mente que dentro dele há hierarquias e regras da qual você precisará se adaptar e também contribuir para seu próprio crescimento, trazendo resultados efetivos aos clientes, sócios e por consequência a você também. Ainda, não esquecer de que os escritórios buscam um perfil profissional que esteja alinhado com a sua missão e objetivos.

Se a escolha for ser empresário/advogado, não deixe de dividir seu escritório em dois setores essenciais para o bom crescimento e organização.
Sempre tenha um olhar para a Produção Jurídica, onde atuam efetivamente aqueles advogados dos cinco anos da faculdade de direito, sendo ele o responsável pelo cumprimento dos compromissos e tarefas técnicas do escritório.

O segundo olhar deve estar focado na Controladoria Jurídica, e engana-se quem acha que controladoria jurídica só serve para contar prazos. Ela é a mola mestra do escritório, que tem a função de fazer com que toda a engrenagem funcione. A controladoria é a responsável pelo controle das ações do plano de negócio e mesmo que seu escritório concentre suas atividades em uma ou duas pessoas, ele precisará um plano de negócio, para que possa crescer de forma orgânica, sempre pronta para galgar novos níveis a cada ano.

Importantíssimo, também, é o Pilar da Gestão Jurídica, que são as PESSOAS e mais uma vez, não se pode esquecer de um olhar para as pessoas que estão sob sua gerência com atenção e zelo. Procure, sempre, estar disposto para orientar, incentivar, ensinar a assumir responsabilidade, partilhar nosso conhecimento e acompanhar as atividades e crescimento da equipe.
No entanto, o foco principal deve ser o cuidado com o maior patrimônio que são nossos CLIENTES.
A gestão de pessoas, também, deve englobar o zelo em trazer ao cliente a melhor experiência de resultado e atendimento.

Outro pilar fundamental para o sucesso do escritório, são as finanças, pois a gestão dos recursos financeiros é primordial para garantir a estabilidade e permanência do seu negócio jurídico.
Quando o famigerado sexto ano chegar, mantenha os pilares da gestão jurídica bem definidos e alinhados e nunca se esqueça que da mesma forma que várias leis estudadas, já foram revogadas, considere que a gestão jurídica também não é estática, precisando sempre ser alinhada as novas tendências do mercado.

Obrigatório se faz, vivenciar a ideia de que a advocacia mesmo não sendo considerada uma atividade mercantilista, o advogado precisa entender que seu escritório de advocacia deve ser gerido como uma empresa; este objetivo será conseguido através da implementação da gestão.
No balanço final uma coisa deve ser marcante e evidenciada, mesmo sem a vivência nos bancos escolares a Gestão Jurídica nunca poderá ser esquecida, já que, sem sombra de dúvidas, é um dos pilares do nosso sucesso profissional.

RENATA STUTZ
ADVOGADA | OAB-RO 1.112
MBA em Administração, Gestão, MKT e Negócio para Advogados e Gestão Jurídica.